El discurso del lider

Autora: Ana Bela Cabral

Directora del Gabinete ABC

www.gabineteabc.com


         Tres años después de su desaparación, Steve Jobs continúa suscitando reflexiones. Se suceden los manuales y estudios sobre su modelo de liderazgo: son muchos los que lo intentan imitar.


        Recientemente, dos investigadores británicos de la Warwick Business School – Loizos Heracleous e Laura Alexa Klaering – publicaron un artículo sobre las competencias retóricas del carismático lider de Apple.

         De forma resumida, aquí dejamos los tres factores que estos autores destacaron en el discurso de Jobs:

1.   Utilización de un registro humano, en ocasiones, emotivo o emocional.

2.   La utilización del humor. El uso de hipérboles y de términos como “awesome” (increíble) o “phenomenal” (fenomenal) y el uso de la repetición.

3.   La normalidad , transmitiendo la imagen de un individuo con dudas, que se cuestiona a sí mismo. Recurría con frecuencia a las preguntas retóricas (“Isn´t this cool?”). Utilizaba un vocabulario simple y hablaba pausadamente.

Este resumen puede parecer simplista a primera vista, pero la verdad es que contiene algunas pistas de reflexión. Nuestra observación de 20 años en congresos internacionales nos remite a un modelo de discurso muy diferente:

1.   La mayoría de los oradores hacen uso de un registro formal y mecanizado, ayudándose muchas veces de un apoyo de memoria (discurso escrito o presentación en formato digital) y apelando muy poco a la emoción.

2.   Son raros los conferenciantes que hacen uso del humor o de otros recursos estilísticos. Los discursos son, en su mayoría, fruto de escritos académicos y técnicos.

3.   Por estos dos motivos ya indicados, el resultado final se aleja de la normalidad. Rara vez utilizan las paráfrasis, la recapitulación o las preguntas retóricas. Y es una pena, pues serían excelentes estrategias para darse cuenta de que su auditoria ya desconectó... Otro aspecto es el de la velocidad del discurso: los comunicadores rara vez se escapan de la tendencia al verso rápido (lo digo por mi experiencia como intérprete de conferencias desde hace más de 20 años).

La lista no es tan extensa que no permita hacer un esfuerzo para mejorar la comunicación. ¡Nos toca decidir si queremos que nuestro mensaje llegue...o no!

 

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Versión en portugués

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O discurso do líder

         Três anos após o seu desaparecimento, Steve Jobs continua a suscitar reflexões. Sucedem-se os manuais e os estudos sobre o seu modelo de liderança: muitos são os que o tentam modelar.

         Recentemente, dois investigadores britânicos da Warwick Business School – Loizos Heracleous e Laura Alexa Klaering – publicaram um artigo sobre as competências retóricas do líder carismático da Apple.

         De forma resumida, deixamos aqui os três fatores que os autores destacaram no discurso de Jobs:

1.   Utilização de um registo humano, por vezes, emotivo ou emocional.

2.   A utilização do humor. O uso de hipérboles e de termos como “awesome” (incrível) ou “phenomenal” (fenomenal), e o uso da repetição.

3.   A normalidade, transmitindo a imagem de um indivíduo com dúvidas, que se questiona. Recorria com frequência às perguntas de retórica (“Isn’t this cool?”). Utilizava um vocabulário simples e falava lentamente.

Embora este resumo possa parecer simplista à primeira vista, a verdade é que contém algumas pistas de reflexão. A nossa observação de 20 anos em congressos internacionais remete-nos para um modelo de discurso bem diferente:

i.             A maioria dos oradores faz uso de um registo formal e mecanizado, socorrendo-se muitas vezes de um auxiliar de memória (discurso escrito ou apresentação em formato digital) e apelando muito pouco à emoção.

ii.            São raros os conferencistas que fazem uso do humor ou de outros recursos estilísticos. Os discursos são, na sua maioria, fruto de uma escrita académica e tecnicista.

iii.           Pelos dois motivos já indicados, o resultado final afasta-se da normalidade. Raramente os conferencistas utilizam a paráfrase, a recapitulação ou as perguntas de retórica. E é pena, pois seriam excelentes estratégias para se aperceberem que o seu auditório já desligou… Outro aspeto é o da velocidade do discurso: os comunicadores raramente fogem à tendência do débito rápido (eu que o diga enquanto intérprete de conferência há 20 anos!...)

 

A checklist não é assim tão longa que não se possa fazer um esforço no sentido da melhoria da comunicação. Cabe-nos a nós decidir se queremos que a nossa mensagem passe… ou não!

 

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